– por Isabelle Bard e Lucas Meireles
O aluno de pós-graduação em História da UFRRJ, Ivan Gomes Ferreira, defendeu em 2017 uma dissertação sobre o sufrágio feminino na Primeira República e como isso foi midiatizado na década de 20, período da primeira república. Em sua pesquisa, Ivan mostra como o periódico carioca “A Noite” não só noticiava os debates acerca da normatização do sufrágio feminino para todo o país, mas também apoiava a campanha das mulheres na época.
“Eu me interessei pelo tema no final da minha graduação em História primeiramente por curiosidade, que foi se intensificando quando percebi que não havia trabalhos historiográficos sobre o sufrágio feminino no Brasil na Primeira República. Percebi que as mulheres brasileiras estavam sendo excluídas nos eventos históricos que estavam ocorrendo no Brasil e que demonstrei na minha dissertação de mestrado que os indivíduos do sexo feminino estavam reivindicando direitos civis e políticos”, disse o pós-graduando.
Sob o título “O VOTO DE SAIAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA”: O debate sobre o sufrágio feminino no periódico carioca A Noite, na década de 1920“, a dissertação busca desconstruir, segundo Ivan, o estereótipo de que as mulheres não estavam fazendo parte dos eventos historiográficos da época. O aluno defendeu sua tese em 2017.
Segundo o pós-graduando, desde o século XIX, as mulheres reivindicam seus direitos através do movimento feminista. Com o passar dos anos, muitas outras vertentes do movimento se desenvolveram. O feminismo negro, feminismo liberal e radical são alguns exemplos. Durante este período, o movimento sufragista eclodiu. Mulheres de todos os países se juntaram em busca do direito à participação da vida política. O primeiro país a conceder o direito ao voto às mulheres foi a Nova Zelândia, em 1893.
No Brasil, o direito ao voto feminino foi conquistado em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas. Neste ano foi elaborado o Primeiro Código Eleitoral do Brasil.
“A campanha pelo direito ao voto foi a primeira grande mobilização do movimento feminista brasileiro que fez com que as outras reivindicações pleiteadas pelas mulheres fossem colocadas em pauta na sociedade no qual hoje ainda existe muita desigualdade nas relações entre os sexos mesmo com a conquista de direitos civis e políticos em que o feminismo brasileiro atual não é igual ao feminismo da década de 1920“, explicou Ivan Gomes Ferreira.
Para o autor, assim como na época das sufragistas, o feminismo atual ainda levanta controvérsias. Sendo a maior delas a descriminalização do aborto. Além disso, há pautas que são reivindicadas desde a década de 70. Como a violência doméstica, o controle da sexualidade feminina e a desigualdade salarial. Apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer até que a igualdade de gêneros seja alcançada.
De acordo com Ivan, nas mídias de massa, não se discute muito sobre questões feministas. Os meios tradicionais insistem em mostrar a imagem da mulher estereotipada e sexualizada em novelas, filmes e comerciais. Contudo, nas mídias sociais é notável o grande número de mulheres que utilizam a internet para ações políticas.
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